Dia 29 de maio de 2022. Altice Arena, Lisboa.
Já no dia anterior, 28 de maio, lá havíamos estado.
Em menor número. Menos ruidosos. Com o mesmo amor.
A vivenciar as meias finais de uma Competição Europeia.
Que muito poucos, ao início da época, e no contexto de uma modalidade que no nosso clube tem tido uma travessia no deserto no que a títulos diz respeito, se arriscariam a dizer que o Benfica ia disputar.
Ganhámos. Frente a um adversário poderoso.
Que disputou até ao fim os últimos campeonatos polacos frente a um dos atuais gigantes da Modalidade.
Ganhámos, até para nossa surpresa, com alguma tranquilidade.
Até que chegou o grande dia. Dia 29. Dia de Final.
Por todo o Altice Arena se sentia um ambiente de excitação e muita ansiedade.
Por quem está mais atento à modalidade e conhece o contexto, muito orgulho por ver o Benfica nestas andanças. E consciência que havia uma montanha muito alta para escalar.
18:00, inicia-se o jogo.
E com o tempo a passar, a excitação aumenta. E a ansiedade também.
O Benfica batia-se bem, contra os poderosos alemães, campeões do Mundo e quase certos campeões da Bundesliga, melhor liga do Mundo.
Ao intervalo, um pouco de descompressão. Mas pouca.
Plantel menos profundo. Menos habituado a jogos desta intensidade em dias consecutivos. Receio de não conseguirmos aguentar o ritmo do adversário.
Recomeça o jogo.
À medida que o tempo avança, uns são tomados pela excitação. Outros são tomados pela ansiedade.
Chegávamos a 3 segundos do fim. E o Benfica perdia por um.
E um milagre aconteceu.
Aposto que enquanto aguardávamos pela confirmação desse milagre, muitos iam perdendo as forças. Assim como eu as perdi. Assim como tantos vi ao meu lado em lágrimas.
Mas estávamos vivos. E vem um prolongamento. Quase todos os nossos jogadores de rastos. Muitos nas bancadas à beira do colapso nervoso. Até que chega o momento. A poucos segundos do fim. Alexis Borges pega na bola e com a força de todos os Benfiquistas naquele pavilhão e por esse Mundo espalhados no seu braço direito, remata para o 40-38, o golo que selava a vitória. O golo que nos permitiu abraçarmo-nos. Gritar que nem loucos. Chorar que nem crianças. Sentirmo-nos unos.
Dia 29 de Maio de 2022
Dia de vitória.
Dia de fazer das mais brilhantes páginas da Gloriosa História do Sport Lisboa e Benfica.
Dia de criar novos Ídolos. De criar novos Heróis.
Dia de mandar uma pedrada gigante no charco e dizer que o Desporto não é só Futebol.
De fazermos uma Festa incrível, para a qual todos deram o seu contributo, dentro e fora do campo, Benfiquistas e não Benfiquistas, Portugueses e Estrangeiros.
De mostrar que Desporto tem de ser sinal de respeito de todos por todos.
De demonstrar os valores do nosso Benfica homenageando o grande e malogrado Alfredo Quintana.
Foi dia de Amor. Amor ao nosso Benfica.
Em que andámos constantemente na corda bamba entre o abismo da derrota e a glória da vitória.
Parecido com isto? Não me lembro.
Talvez Leverkusen. Com a diferença de que aqui, parafraseando Toni, íamos do Céu ao Inferno e do Inferno ao Céu em poucos segundos, constantemente durante todo o jogo e prolongamento.
Perdoem-me a lamechice. Perdoem-me o romanticismo. Perdoem-me talvez até a falta de clarividência. Creio que ainda não recuperei de dia 29 de Maio. Mas sinto-me um sortudo. Vivenciar esta História. Na minha modalidade. Rodeado da minha gente, a família Benfiquista. Que posso eu pedir mais?
Um abraço. De um Benfiquista feliz.
▶ Texto enviado pelo benfiquista João Santos.
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