Eusébio, Simões, Humberto Coelho, Coluna, Jonas, Dan.
Conheci o Dan na segunda-feira, 23/Dez, antes do Benfica x Estoril (3-0). Contou-me que passou por Portugal há uns anos e acabou por se apaixonar pelo Benfica. Não me lembro exatamente dos detalhes que levaram um irlandês a ceder ao feitiço das camisolas encarnadas, esta conversa foi acompanhada por várias cervejas, mas sei que não é o primeiro nem será o último estrangeiro a guardar o nosso clube num local especial do seu coração. Como o Dan, e referindo apenas os mais mediáticos, temos vários exemplos: Markus Horn, alemão; Toni Gutierrez, espanhol; Jumpei Fujita, japonês; Pete Domican, inglês. Certamente existirão muitos outros espalhados por esse mundo fora que, por um motivo ou outro, se apaixonaram pelo nosso clube.
Explicou-me num português irrepreensível que aprendeu a nossa língua especificamente para poder acompanhar a vida do nosso clube e, por esta altura, já eu estava de boca aberta. Para ele não basta acompanhar um jogo de vez em quando ou ver um resumo pelo Youtube, sente-se benfiquista e faz questão de acompanhar o dia-a-dia do clube. Nos primeiros tempos através do jornal A Bola e, mais recentemente, assistindo aos programas do Benfica Independente que passou acompanhar com maior frequência. A nível pessoal, não vos consigo transmitir com exatidão o que sinto ao ouvir testemunhos destes. É um misto de orgulho e enorme responsabilidade porque sei que muita gente depende deste tipo de projetos (não só o nosso, certamente) para conseguir estar mais próximos do Glorioso. Mas isto não é sobre mim ou o BI, é sobre o Dan. Voltando ao assunto.
Falámos sobre jogos antigos e expliquei-lhe que já tinha visitado o Reino Unido para ver o Benfica várias vezes, e ele sabia todos os resultados e os marcadores dos golos dessas partidas. Estava estupefacto. "Este rapaz é tão benfiquista como eu", pensei. E é mesmo. Depois descobri que tem esta paixão marcada na pele. Não uma, mas duas tatuagens associadas ao Benfica!
Quando me deparo com situações destas, não consigo deixar de pensar no privilégio que tenho por morar perto do estádio e conseguir acompanhar o nosso clube com relativa facilidade. Estou perto para os jogos de futebol, assembleias, museu, modalidades, etc. Sou um privilegiado e nem todos têm esta sorte, mas esta introspecção leva-me também a meditar sobre a eterna discussão da falta de militância benfiquista no que diz respeito às assembleias gerais e ordinárias. Somos tantos para apoiar as nossas equipas, mas muito poucos para os assuntos mais massudos que se discutem nos nossos pavilhões... e isto gera conflitos. Quanto mais penso nisto, mais acredito que simplesmente temos de aceitar que nem todos temos vidas iguais. Algumas pessoas têm menos disponibilidade e o pouquinho que conseguem dedicar ao Benfica acaba por ser direcionado para aquilo que mais apreciam que é, naturalmente, tudo o que diz respeito à vida desportiva do nosso clube. E não devemos levar isto a mal, cada um vive o Benfica como pode. Da minha parte, tentarei sempre sensibilizar para a importância dos assuntos extra futebol porque é isso que estabelece o caminho que percorremos, mas também me parece óbvio que não se mobiliza ninguém através de insultos, insinuações ou, pior, medições de benfiquismo.
E tudo isto para dizer o quê? Que a minha paixão pelo Benfica desenvolveu-se com as histórias gloriosas contadas pelo meu pai e avô sobre Eusébio, Simões, Humberto, Coluna e ao ver jogar craques como Jonas. Mas hoje em dia é também alimentada por histórias como a do Dan, do Markus, do Toni e do Fujita. Este clube é do caralho, mesmo com todos os seus defeitos. Perdoem-me a grosseria, mas esta é a palavra correta.
Viva o Benfica!