Como benfiquista, cresci sempre a ouvir as histórias gloriosas do Benfica Europeu. Mas a realidade é que tendo eu apenas 20 anos de idade e escassos meses como sócio, nunca tinha tido a oportunidade de presenciar uma noite europeia ao vivo, e muito menos ao nível daquelas que a antiga Luz proporcionou.
No ano passado, comecei a ir ao estádio com alguma frequência, fruto de estar a estudar em Lisboa. E com isso, tive a primeira oportunidade de ver o Benfica Europeu, no primeiro jogo que fizemos para a Liga Europa, o Benfica – Toulouse.
Tenho os meus pequenos rituais pré-jogo e, por isso, quis me deslocar à Catedral com bastante antecedência, mas esses meus planos saíram completamente gorados. A descer a minha rua fui interpolado por um senhor de bengala que me avistava com um cachecol do Glorioso. “Benfica! Benfica!”, dizia ele. Iniciou conversa comigo e mostrou-me o seu cartão de sócio (era sócio do SLB desde a década de 1950).
A paixão do senhor José era tanta e o meu interesse em todas as histórias que ele tinha para contar era também enorme e, portanto, acabei por ficar ali uma hora e meia a ouvir muito do que ele viveu com o Benfica. Desde a onda vermelha ainda no Estádio do Campo Grande, às finais europeias, vencidas e perdidas, passando ainda por ter privado com figuras como Maurício Vieira de Brito e acabando com apostas onde o senhor José até acertava resultados de jogos europeus, “Dou-te cinco golos de avanço”, dizia ele a uns amigos depois de perdermos uma 1ª mão em Nuremberga por 3-1 em 61/62 - na Luz acabamos a ganhar 6-0.
Depois desta conversa e a caminho da Luz a minha ilusão não podia ser maior, levava no meu imaginário todas as epopeias de que o Benfica é feito e a expectativa de o presenciar, mas se bem se lembram, não foi esse o caso.
Esta quarta-feira voltei à nossa casa para o meu primeiro jogo de Liga dos Campeões. Um jogo que não se adivinhava fácil e que o mais certo era ser sofrido. Mas desde logo os jogadores mostraram o espírito do que é ser Benfica. E as bancadas? Mostraram que o Inferno da Luz não perdoa com a sua anarquia total e as suas Papoilas Saltitantes.
Desta vez o Benfica sorriu a todos nós, desta vez sei que aquele senhor de noventa e poucos anos reconheceria este Benfica que o acompanhou durante a vida e que ficaria orgulhoso de o ver. Eu estou orgulhoso, não só porque o Benfica me deu uma das noites mais memoráveis de sempre, mas também porque tenho a total certeza que me cabe a mim e a todos nós saber engrandecer ainda mais o clube que pessoas como o senhor José edificaram.
Saibamos todos juntos ser Benfica.
Para si, sr. José.
Viva o Benfica!
▶ Texto enviado pelo benfiquista Tiago Mourato.
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