top of page
leaderboard.gif

A reatividade dos Ruis

Foto do escritor: Textos enviados p/ benfiquistasTextos enviados p/ benfiquistas

▶ Texto enviado pelo benfiquista Rui Gonçalves.


Queres publicar um texto no nosso site? Envia por email ou pelo formulário do site.


NOTA: A opinião aqui transmitida é da inteira responsabilidade do seu autor e não representa, necessariamente, a opinião do Benfica Independente.




No recém-fechado mercado de inverno, o Benfica fechou as contratações de Manu e Bruma, além de Dalh e Belotti que são reforços por empréstimo (este primeiro com opção de compra). Em causa não está a qualidade de qualquer um destes jogadores, sendo este artigo alheio a esta avaliação, no entanto, Rui Costa e Rui Pedro Braz produzem mais um mercado de transferências do Benfica em que parece que o clube assume uma postura reativa e não proativa face ao mesmo. 


Numa breve análise à forma como o Benfica se mexe no mercado e de onde começa esta reatividade, é de fácil memória e perceção que o Benfica gosta de ir às compras na América do Sul. Este mercado, especialmente o brasileiro, acabou por ser inflacionado desde que o Santos vendeu o Neymar ao Barcelona em 2013; deste então, é cada vez mais complicado para um clube português concorrer com o poderio financeiro de clubes espanhóis e ingleses, que rapidamente reservam as maiores pérolas do futebol brasileiro (Estevão, Endrick, Vitor Roque). Contudo, o Benfica consegue ainda antecipar-se (e bem) aos restantes clubes e tubarões europeus em certos alvos, como foi o caso de Prestianni e Rollheiser. É no mandato de Rui Costa que o Benfica começa a explorar outros cantos do mundo, como o mercado neerlandês (Aursnes, Kokçu e até o próprio Roger Schmidt), o mercado checo (Jurassek, Bah), o mercado nórdico (Schjelderup, Tengstedt) e o mercado turco (Akturkoglu e interesse em Ismail Yuksek). Sou ávido defensor que um clube grande deve ter um scouting do mais abrangente possível, para que o seu leque de opções na hora de reforçar a equipa seja forte, competente e abrangente- contudo, esta expansão de horizontes peca por tardio. O mercado turco está em baixo no que toca a qualidade, longe do que era há 10 anos atrás, os mercados checos e nórdicos carecem de análise mais detalhada a fim de encontrar os melhores talentos e o mercado neerlandês começa a impor-se ao português, exportando os melhores talentos para ligas superiores (Kokçu enquanto exceção à regra) e já há clubes com o mesmo poderio financeiro que os clubes portugueses. Prende-se a questão: por que o Benfica demorou tanto a explorar o leste e o norte da Europa? 


O maior caso, para mim, de falta de proatividade e defesa dos interesses do clube surge na venda de talentos, principalmente da formação. O caso Gonçalo Ramos e todo o seu contexto é ilustrativo disto mesmo. Puxando a fita atrás, Gonçalo Ramos sai do Benfica no verão de 2023, numa altura onde o jogador estava no seu pico de valorização ao serviço do Benfica- titular e goleador no campeonato, taças, competições europeias e internacionais pela sua seleção. Neste contexto, o Benfica tem a oportunidade de vender o jogador ao maior preço possível, por isso, o clube vê-se confrontado com duas opções: ou antecipa-se ao mercado e coloca o jogador, encaixando uma verba inflacionada pelo contexto e prontamente apresenta um sucessor à posição, ou entende que quer manter o ativo e assume a posição de “cláusula ou nada”, rejeitando prontamente qualquer outra proposta. No caso, o Benfica vende Gonçalo Ramos na mesma semana em que disputa um clássico que decide a Supertaça, num negócio em moldes pouco satisfatórios ao clube lisboeta (empréstimo com obrigatoriedade de compra de 60M, portanto, 40M abaixo do valor da cláusula de rescisão do atleta), o sucessor ao mesmo foi Arthur Cabral, um atleta com perfil distante de Gonçalo Ramos. 


Exemplo mais cabal da falta de proatividade do Benfica e de defesa dos interesses do clube é o de João Neves. O clube vende, no verão passado, o seu melhor e mais valioso ativo por 60M, cerca de metade da cláusula de rescisão do atleta. Rui Costa justifica a venda com os valores praticados pelo restante do mercado, que estavam abaixo do habitual, e por isso, o Benfica adaptou-se ao mercado. É verdade, foi o único mercado de transferências num passado recente sem uma venda avaliada em >100M, mas, porque é que o Benfica tem necessidade de ceder, uma vez mais, face ao mercado? Por que não ser proativo e perceber que o jogador tem mercado mas que o desejo do atleta é ficar e que o preço que o mercado aponta é insatisfatório para o Benfica, forçando o mercado a adaptar-se? Uma vez mais, pedia-se a posição de “cláusula ou nada”, se o mercado ainda não fixou nenhum jogador por mais de 100M, então que fixasse naquele instante ou que guardasse o dinheiro. 


Por fim, reitero que não está em causa a qualidade individual dos jogadores mencionados neste artigo. Dahl, Manu, Bruma e Belotti podem ser úteis ao Benfica, assim como Carreras e Aursnes o são, ou podem não ser úteis, assim como Renato Sanches e Kaboré não o são/foram- as questões não se prendem nos jogadores, mas sim como, quando, onde e em que moldes o Benfica contrata e vende.


Por vezes, o Benfica acerta no jogador, outras nem por isso — isto é normal no futebol. Ainda assim, acredito que é mais difícil errar no jogador quando as prioridades da equipa, os perfis de jogadores que se quer e a forma como se quer jogar futebol estão alinhadas entre todos os que fazem parte do dia-a-dia do Benfica.

0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


⋆ E Pluribus Unum ⋆

MCMIV

bottom of page