Desta vez na segunda história da nossa rubrica #BilhetesComHistória trazemos um sonho de qualquer um: Ir ao Jamor! Acompanhem-nos pelas palavras do Júlio Verde na sua primeira Final da Taça de Portugal, outros tempos.
Preparem-se, pois ainda vamos ter muitas mais histórias do Júlio por aqui!
O Jogo
Final da Taça de Portugal
SL Benfica 1-0 FC Porto
7 de junho 1980
17H00
Estádio Nacional - Jamor
Marcador: César (36’)
Onze: Bento, Humberto Coelho, Bastos Lopes, Alberto, Laranjeira, Pietra, Toni, Shéu, Carlos Manuel, César e Nené.
Suplentes: Frederico, Reinaldo.
Treinador: Mário Wilson
Este foi o meu primeiro jogo do Benfica fora do Estádio da Luz, tinha então 16 anos. Um amigo do meu Pai, tinha dito em tom de brincadeira, "Se ganharmos ao Varzim levo-te a ver a final no Jamor". O jogo com o Varzim foi a meia-final que ganhamos por 2-1 e lembro-me do meu Pai, que nunca foi um "doente" pelo Benfica, não ter ficado nada satisfeito de termos ganho, pois não podia fazer uma desfeita ao amigo e não me deixar ir (naquele tempo 16 anos não são os mesmo que agora).
Lembro-me que não devo ter dormido nada na noite anterior, só pensava: "Vou à final da taça, ver o Benfica contra o Porto".
Contextualizando: O FC Porto tinha perdido nesse ano o campeonato para o Sporting, por 2 pontos, nos últimos dois jogos, e o treinador do FC Porto era o famoso José Maria Pedroto.
No dia do jogo, esse amigo do meu Pai foi-me buscar a casa com o filho e mais uns amigos e lá fomos bem cedo para o Jamor. O ambiente estava bem tenso, pois no dias anteriores muitos Sportinguistas compraram bilhetes para ir apoiar o Benfica contra o FC Porto do Pedroto. Em certos sectores do estádio havia tantas bandeiras do Sporting como do Benfica e havia também muitos cartazes com "bocas" ao Porto e ao Pedroto.
Para mim, naquele dia ter ido ao Jamor era o mesmo que hoje ir ver o Benfica numa final da Champions. Mal tinha começado o jogo, e passados 10 minutos, o Alberto parte a tíbia e o perónio em jogada com o Frasco, foi um balde de água fria. Entrou o Frederico para o seu lugar.
Aos 36 minutos grande golo do César (o primeiro estrangeiro a jogar e marcar pelo Benfica numa final). Foi a loucura!! Gritos, lágrimas, abraços!
Mas havia ainda muito jogo, e o Porto depois de perder o campeonato não queria perder a taça também. Às tantas, numa saída de bola o "nosso" Carlos Manuel com aquele seu ar de malandro vai a correr para apanhar a bola e embrulha-se com o Lima Pereira, outro fresco. Saiu dali uma confusão das grandes entre jogadores dos dois clubes, murros, empurrões, pontapés mas... Ninguém foi expulso.
Final do jogo: Invasão! A minha primeira invasão. Claro que como devem calcular não houve condições para se entregar a taça ao vencedor.
Resumindo:
Primeira final, daí para cá não falhei nenhuma,
Primeira final sem ver entregar o troféu,
Primeira e única onde vi Sportinguistas ao lado de Benfiquistas.
Em relação ao bilhete, só o consegui arranjar este ano passados 40 anos, pois só comecei a coleccionar no ano seguinte em 1981, ano em que me fiz sócio do Benfica.
Texto da autoria do benfiquista Júlio Verde
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