Quem não tem aquela história especial com o Pai? Mesmo quando é do clube rival... :)
Um amor sem fronteiras. Uma história bonita, como tem de ser, da nossa Sónia Horn.
O Jogo
SL Benfica 1x2 CF Os Belenenses
28 de Maio de 1989
15H00
Estádio Nacional do Jamor
Marcadores: Vata (73')
Onze: Silvino, Fonseca, Ricardo Gomes, Mozer, Veloso, Valdo, Vitor Paneira, Diamantino, Magnusson, Pacheco e Abel Campos
Suplentes: Dias Graça, Samuel, Ademir, Elzo e Vata
Treinador: Toni
Estamos num dia bem quente, a 28 de Maio de 1989 e vou pela primeira vez, ver o meu Benfica jogar uma final da Taça de Portugal contra Os Belenenses, ao Jamor.
Meu pai, sócio há muitos anos deste clube com vista para o Cristo Rei, estava radiante, pela sua equipa ter chegado à final desta competição, coisa rara já na altura.
Saímos bem cedo de casa, porque ele como adepto assíduo, gostava de chegar cedo ao estádio, para absorver melhor a sua atmosfera. Confesso, que na altura com 17 anos, as roulotes com bifanas, não me motivavam muito. Mas havia festa, por todo o lado.
Lembro-me de ver os profissionais dos piqueniques, com toalhas no chão, cadeiras de campismo, garrafões de vinho, assavam sardinhas e outras iguarias próprias destes eventos. Eu equipada com o meu cachecol vermelho do Glorioso e ele com o seu… em azul. Assim que chegamos ao estádio e nos sentamos, percebi a magia que era e a tremenda emoção, de poder fazer parte desta família benfiquista. Eram bandeiras, cachecóis ao alto, vozes a entoarem frases e cânticos de apoio ao maior de Portugal!
Por este ambiente todo ao rubro e pela história e um passado tão glorioso, colocar a hipótese de uma vitória para os Belenenses, por muito remota que fosse, não foi de todo convincente para o meu pai, até ao ponto de apostar comigo, o que levava aos anos com orgulho, o seu tão estimado bigode, caso acontecesse um milagre e os Belenenses até ganhassem.
Eu por minha parte, estava mais que convencida, que o meu Benfica iria ganhar, e bem, aos „Pasteis de Belém“, por isso, não pensei mais naquela aposta.
Bem, vou-vos poupar à minha desilusão, quando soa o apito final e o meu querido Benfica perde aquela final por 2-1... Meu pai feliz, eufórico, vinham-lhe as lágrimas aos olhos, por o seu querido clube, ter conseguido o feito, de vencer pela terceira vez a Taça de Portugal. Essa alegria durou, até eu lhe relembrar a aposta: Bigode fora!
Foram momentos doces os que vivi, quando já em casa, lhe fui cortando com uma tesoura pequena, aquele majestoso bigode. Ficou todo torto e mal cortado, mas ainda assim, convenci-o a ir tomar uma bica e mostrar ao mundo que já não tinha bigode, em prol da vitória do seu clube.
▶ Texto da autoria da Benfiquista Sónia Horn
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