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Carregamos em nós o sonho do regresso ao Inferno

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▶ Texto enviado pelo benfiquista Álvaro Ferreira


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NOTA: A opinião aqui transmitida é da inteira responsabilidade do seu autor e não representa, necessariamente, a opinião do Benfica Independente.



Como qualquer jovem adulto benfiquista, cresci a ouvir falar de uma figura quase mitológica chamada Luz, que tinha poderes quase sobrenaturais de se transformar num inferno para quem nela ousasse desafiar as papoilas saltitantes.


No imaginário contado pelos mais velhos ou visionado nas velhinhas cassetes VHS, essa imponente obra, criada pela resiliência dos benfiquistas, erguia-se perante os maiores astros do futebol, assistindo, pelos olhos dos 120 mil que a compunham, às maiores conquistas da nossa gloriosa história. Relatos não faltam na história da mais imponente obra do benfiquismo, mas falta transportar para a nova e moderna estrutura, que chamam de estádio do Sport Lisboa e Benfica, a chama de um templo que nunca se deveria ter apagado.


A velha Luz despediu-se muitas vezes despida, sem chama, sem arte e sem glória. A nova Luz trouxe uma ambição renovada na reconstrução de um gigante que passara 10 anos a lutar pela sobrevivência contra aqueles que apenas o queriam desmantelado. Com ela, voltaram os títulos, as noites gloriosas da Champions e os artistas, acrescidos das luzes, do Farol, dos smartphones, das redes sociais e das leis restritivas para os adeptos, que alteraram a realidade do que, até então, mais não era do que um sonho de menino: ver os seus ídolos a poucos metros de distância.


O ambiente na Luz em contexto de jogo tem sido um dos temas mais debatidos na realidade benfiquista. O clube conseguiu algo que poucos imaginavam há alguns anos: a Luz tem lotação praticamente esgotada em todos os jogos, as receitas de match day estão em máximos históricos, num país distante da realidade económica de outras geografias, e a taxa de ocupação média coloca o Benfica a nadar num lago exclusivo de tubarões.


Chegados a este ponto, combatida a abstenção, que foi real durante muitas épocas, e com a procura em claro crescimento, urge lançar para discussão o ambiente que outrora era ensurdecedor e contagiante, mas que se tornou quase teatral. Este tema terá de ser discutido sob dois prismas indissociáveis: o Benfica e o sócio/adepto do Benfica.


O Benfica deverá:

• Liderar o processo de reversão das leis restritivas aos adeptos, como os setores limitados e a proibição de bandeiras com tamanho 1x1, faixas, tambores e outros objetos de apoio à equipa. Com a legislação vigente, perdem-se a cor, o som e a magia de um estádio de futebol, privando a Catedral da Luz de espetáculos memoráveis que, hoje em dia, apenas podemos ver noutras latitudes. O argumento utilizado da prevenção da violência no desporto não faz o mínimo sentido, nem os próprios dados analíticos demonstram qualquer relação causa-efeito.

• Ser interlocutor com os grupos organizados de adeptos (GOA), fazendo-os perceber a sua importância como líderes do apoio no estádio e apelando à única razão da sua existência: o Sport Lisboa e Benfica. Sobre este tema, muito haveria para escrever, mas vou-me cingir ao que está escrito no nosso emblema: “E Pluribus Unum”, expressão latina que é o lema do nosso clube e que devemos preservar e aplicar na tentativa de darmos o máximo contributo para o sucesso das nossas equipas. Esta parceria é, na minha opinião, um trigger fundamental para rapidamente melhorar o ambiente, que chega a ser sepulcral no nosso estádio.


Ao mesmo tempo, os sócios e adeptos do Benfica devem consciencializar-se de que, em todos os dias, devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para engrandecer o clube e que, em dia de jogo, podemos dar um apoio importante, fazendo com que a nossa equipa entre sempre a ganhar, quer na Luz, quer em todos os estádios onde se desloca. O Benfica é a razão irracional da nossa paixão.


Com estas e outras ações, que deverão ser desenvolvidas em estreita colaboração com os seus adeptos, podemos ter de volta aquele que muitos ainda chamam de Inferno, mas que, muitas vezes, mais parece uma sala de espetáculos insípida e descaracterizada.


Como disse o grande Carlos Mozer:

"Quando fomos entrar em campo, aquilo foi um estrondo tremendo e, quando olhei para trás, só estava eu dentro do campo. Os meus colegas estavam todos em baixo, na saída do túnel, e eu chamava-os, mas eles não queriam vir e diziam-me:

- Calma Mozer que isto vai acalmar.

E eu falei:

- Aqui não vai acalmar nada, isto aqui é o inferno da Luz!”


Não nos pudemos resignar à realidade vigente sem nada fazer para a alterar. Recuperemos juntos o nosso Inferno da Luz!

Viva o Glorioso!

Viva o Sport Lisboa e Benfica!

 
 

⋆ E Pluribus Unum ⋆

MCMIV

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