Madrugada de 12 de fevereiro de 2024, pós empate no Afonso Henriques, jogo emotivo desde a homenagem ao malogrado Fehér a todas as incidências durante os 90 minutos.
O sono não existe, as inquietações são várias.
A pergunta que me vai na cabeça é só uma: como chegámos aqui?
O aqui, para que fique claro, não é o mandar a toalha ao chão ou o sentimento da época perdida.
O aqui é o sentimento de desilusão.
O sentimento de em pouco mais de um ano passarmos do sonho da Champions ao reconhecer as dificuldades em que nos encontramos desportivamente.
O sentimento de se começar uma época com expectativas elevadíssimas, com investimento, com riqueza de plantel, com continuidade e verificar objetivos desperdiçados e outros a complicarem-se.
O sentimento, não tão comum assim mas também não inédito, de sentir um imenso potencial e talento desperdiçado.
Olho aos nomes e vejo talvez um dos plantéis mais fortes que tenho memória no Benfica.
Olho ao futebol praticado e pouco o diferencia das épocas de Fernando Santos ou Quique Flores.
Mais do que isso. O sentimento de desilusão é exacerbado por aquilo que vivemos no passado recente. Esquecendo até, como se pudesse esquecer, a conquista do 38.
O prazer. O prazer que dava no passado recente ver o Benfica jogar futebol.
As exibições de gala, que às vezes até tornavam as segundas partes aborrecidas, tão decidido que estavam os jogos ao intervalo.
Este prazer, esta confiança neste momento são apenas memórias.
E isso é que dói. Dói saber que temos mais armas para fazer pelo menos o mesmo que fizemos com menos armas, e neste momento fazemos francamente menos.
No que me toca, pouco me interessa se joga o X ou Y.
Interessa-me que faça sentido.
Interessa-me que jogue X ou jogue Y, a equipa funcione como coletivo.
Interessa-me ganhar primeiramente. E jogar bem logo a seguir.
Jogar à Benfica. Jogar à Benfica é jogar com alma, com raça, mas jogar bem.
É o que não temos tido.
Decisões com pouco sentido.
Coletivo que não funciona.
Ganhar muito menos que o que queremos. E menos menos jogos bem conseguidos.
Um Benfica pálido.
Há condições para ser melhor? Há.
Há tempo para corrigir? Sim.
Muita da confiança que tínhamos já se evaporou? Admiro quem ainda a tenha.
Melhores dias virão certamente.
Quinta feira frente ao Toulouse parece-me ótimo para ser um desses dias, para começar a melhorar.
A margem de erro acabou literalmente. O caminho vai ser árduo. Os de sempre, que lá estão independentemente de jogadores, treinadores e presidentes, continuarão a lá estar.
Só espero uma coisa de todo e qualquer funcionário no futebol do Benfica. Foco naquilo que podemos controlar. Foco em melhorar aquilo que podemos controlar.
Porque há muita coisa que podemos controlar em que há muito a melhorar.
Têm a palavra os protagonistas.
▶ Texto enviado pelo benfiquista João Santos.
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