Chegou (finalmente) ao fim a temporada de 2020/21, num ano que se perfilava como de retoma e dominância, e que acabou por se tornar um desastre de como já não víamos há muito.
Podemos usar os argumentos que bem entendermos para explicar o desempenho futebolístico da equipa benfiquista, mas no final, para a História, ficam sempre os números. E os números, como todos sabemos, não enganam.
O Benfica terminou esta edição da Liga na terceira posição, algo que não ocorria há 12 anos, desde a famigerada temporada de 2008/09, sob o comando técnico do espanhol Quique Flores, e que na altura antecedeu a chegada do actual técnico – Jorge Jesus – à Luz.
A sétima temporada do amadorense ao leme dos encarnados é, curiosamente, a que tem o pior registo classificativo. O Benfica termina o ano no 3.º lugar, algo que já não ocorria desde a já mencionada época de Quique. Por curiosidade, em épocas onde o clube manteve o mesmo treinador ao longo de toda a temporada, e se classifica em 3.º lugar (ou pior), esse mesmo treinador nunca completou (ou nalguns casos, sequer começou) a época seguinte. Péssimo augúrio para o actual treinador benfiquista.
Em aproveitamento pontual, o Benfica actual (74,5% dos pontos) ficou só acima da equipa de Quique Flores (65,6%) e da equipa treinada por Jorge Jesus em 2010/11 (70,0% dos pontos). Com apenas 76 pontos (e 23 vitórias), esta é a pior pontuação (e o menor número de vitórias) num campeonato a 34 jornadas desde 2005/06, época em que o Benfica era comandado pelo holandês Ronald Koeman. O Benfica contou também esta época com a segunda pior média de golos nos últimos 10 anos, sendo que as três piores pertencem todas a Jorge Jesus (2013/14, 2020/21, 2010/11). É um registo francamente negativo, sobretudo tendo em conta que na temporada anterior o Benfica acabou por despedir Bruno Lage ainda a época não tinha terminado, e mesmo assim conseguiu melhores números (mais vitórias, mais golos marcados, e menos golos sofridos). A distância para o líder do campeonato (-9 pontos) é a maior distância para o 1.º lugar desde o Benfica de 2010/11 de... Jorge Jesus. Mas há mais.
Pela primeira vez desde a época de 1974/75, o Benfica é duas vezes consecutivas finalista da Taça de Portugal sem a vencer. Com a perda da final desta competição frente ao Braga, a época de 2020/21 fica igualmente marcada por ser a 2.ª época desde 2007/08 sem qualquer título. Aliás, a última época onde o Benfica tinha ficado "em branco" foi há 8 anos (2012/13), precisamente uma época onde o treinador era... Jorge Jesus.
Com um dos técnicos mais caros no mundo, e um investimento nunca antes visto, fica a pergunta no ar: quem são os principais responsáveis por esta temporada de proporções desastrosas?
Sobretudo quando em Setembro de 2019 tivemos alguém que nos avisou para desaires deste género...
A reflexão fica para quem de direito. O Benfica perdeu os últimos 7 títulos que disputou, e atravessa uma das piores fases competitivas dos últimos 15 anos. É por demais evidente que sem público nos estádios há mais de 1 ano, o Benfica fica obrigado a qualificar-se para a fase de grupos da próxima Champions League para salvaguardar a saúde financeira do clube. Está igualmente forçado a vender jogadores, para suportar os custos do investimento da época que acabou de findar. O que será do Benfica da próxima temporada, que se perfila de contestação ao primeiro resultado negativo? Poderia esta situação de desgaste (dos últimos 2 anos) ter-se evitado? Como será o planeamento para a próxima época com tantas dúvidas e "sobre brasas"?
Os números logo dirão.
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