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Demoramos muito mais?

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▶ Texto enviado pelo benfiquista Bernardo Quialheiro.


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NOTA: A opinião aqui transmitida é da inteira responsabilidade do seu autor e não representa, necessariamente, a opinião do Benfica Independente.



25 de janeiro. Um dia que deveria ser um marco para todos os benfiquistas. Um dia em que celebrámos o nascimento de Eusébio da Silva Ferreira, o nosso Pantera Negra, aquele que não só representou o Benfica como elevou Portugal aos olhos do mundo. Um homem que encarnou a verdadeira mística benfiquista: talento, garra, humildade e lealdade. Mas 25 de janeiro é também um dia de dor, porque nos lembra da partida trágica de Miklós Fehér, cujo sorriso permanece gravado na memória de todos os que viveram aquele fatídico momento. Dois símbolos de um clube que um dia foi sinónimo de grandeza, dentro e fora de campo.


Num dia destes, em que deveríamos glorificar a memória destes dois senhores, o que fez o Benfica? Perdemos em Rio Maior contra o Casa Pia. Uma derrota que, por si só, já é humilhante para um clube com o nosso historial, mas que foi apenas o início de uma noite que terminou da pior forma possível: com a divulgação de um áudio gravíssimo, onde Bruno Lage, numa conversa informal com adeptos, critica jogadores, a direção e expõe as fraquezas de um clube que, de forma quase inexplicável, parece ter perdido o controlo sobre o próprio destino.


E se isto já não fosse suficientemente mau, no dia 26 de janeiro, tivemos o triste espetáculo de uma conferência de imprensa convocada pelo clube. Um momento que, em teoria, deveria servir para apaziguar os ânimos, mas que rapidamente se transformou num exemplo claro da falta de liderança, estratégia e até respeito pelo símbolo que todos carregamos no coração. Não há como descrever o que foi aquilo. Uma sucessão de declarações vazias e incoerentes, que em nada ajudaram a resolver os problemas. Pelo contrário, só vieram reforçar o ambiente de desespero e desorganização que se vive no Benfica.


Seria fácil, neste momento, culpar Bruno Lage. Apontar o dedo às suas opções táticas, questionar as suas decisões de jogo ou até lembrar a incoerência entre o que disse no áudio e as declarações públicas que fez. Seria fácil lembrar o papel a que se propôs quando regressou ao clube: a bajulação ao presidente no dia da apresentação, os abraços aos jornalistas — uma teatralidade que contrasta com as acusações que fez em 2020, quando insinuou que muitos desses mesmos jornalistas estavam "comprados" para facilitar a sua saída e colocar Jorge Jesus no comando.


Mas focar tudo isso seria ignorar o elefante na sala. Porque o problema do Benfica não está apenas no banco. Está no topo, nas escolhas que têm sido feitas ao longo dos anos, nos erros que se repetem e na falta de responsabilidade de quem deveria liderar o clube com visão e competência. 


E é aqui que se deve olhar para a história do Benfica e perceber a transformação que o clube sofreu ao longo das últimas décadas. Olhemos para os tempos áureos, para as grandes figuras que marcaram o clube. João Santos, Jorge de Brito, Fernando Martins, entre outros. Dirigentes de outra estirpe, com um grau de exigência e competência à altura da grandiosidade do Benfica. Homens que sabiam o que o Benfica representava, que tinham uma visão clara do clube como uma potência nacional e internacional. Dirigentes que entendiam a importância de um clube grande, e que sabiam que o sucesso não se constrói apenas com orçamentos inflacionados ou com jogadores caros. Era necessário trabalho, visão, e uma base sólida. 


Como é possível, então, passarmos de quadros tão elevados para a perpetuação da mediocridade que hoje nos é imposta? O que aconteceu ao Benfica de João Santos, que acreditava num Benfica voltado para a excelência, num Benfica que se preparava para dominar a Europa? O que aconteceu ao Benfica de Jorge de Brito, que com visão e determinação, levou o clube a conquistar títulos históricos e a ser um dos maiores clubes da Europa? E onde estão as grandes ambições de Fernando Martins, que soube construir uma equipa competitiva e com mentalidade vencedora? O Benfica de hoje parece distante, incompreensível, um reflexo de algo que se perdeu ao longo dos anos.

E aqui entram os últimos cinco presidentes do clube: Manuel Damásio, Vale Azevedo, Manuel Vilarinho, Luís Filipe Vieira e Rui Costa. A transição entre esses nomes é uma transição entre o possível e o impensável.


Comecemos com Manuel Damásio, uma figura que passou pelo Benfica num período de forte instabilidade. Damásio não conseguiu deixar qualquer legado positivo no clube, muito pelo contrário. O seu tempo foi caracterizado por uma gestão desastrosa, com erros de avaliação em diversos níveis, e, sobretudo, com um desprezo pela história e identidade do clube. Durante o seu mandato, o Benfica foi vítima de uma crise financeira e institucional, com decisões que levaram o clube a um estado de completa desorganização.


Vale Azevedo, por sua vez, teve um impacto negativo ainda mais profundo. Assumiu a presidência com promessas de recuperação e sucesso, mas rapidamente revelou a sua verdadeira face. O seu mandato ficou marcado por escândalos financeiros e a falência de um projeto desportivo que nunca teve os pés bem assentes na terra. As suas escolhas, as suas atitudes e, sobretudo, a sua gestão leviana levaram o Benfica a um dos períodos mais sombrios da sua história recente. Vale Azevedo não foi apenas uma má escolha, foi um verdadeiro golpe naquilo que o Benfica representava enquanto clube. O seu legado é de caos, descredibilização e perda de identidade.


Já Manuel Vilarinho, um dos responsáveis pela transição do Benfica para os tempos modernos, esteve à frente do clube num momento crucial, mas suas decisões, principalmente no que diz respeito à gestão desportiva, deixaram muito a desejar. A sua maior falha foi o despedimento de José Mourinho, num dos maiores erros da história recente do clube. Optou por não confiar na visão de um treinador que viria a ser um dos maiores de sempre, e com isso condenou o Benfica a perder uma oportunidade de ouro para se afirmar no futebol português e quiçá europeu. Vilarinho também foi o responsável por abrir as portas a Luís Filipe Vieira, que viria a assumir o comando do clube de forma definitiva. Porém, essa escolha também se revelou um grande erro.

Luís Filipe Vieira chegou ao Benfica com promessas de crescimento e ambição. No início, parecia ter a capacidade de devolver o clube ao topo. Mas rapidamente se viu ao que vinha. Luís Filipe Vieira soube jogar com a política, mas falhou ao tentar conciliar isso com a gestão desportiva. O seu legado no Benfica é de uma gestão de promessas não cumpridas, de orçamentos desmesurados e de uma equipa frágil. Os anos em que Vieira esteve à frente do clube foram marcados por uma excessiva dependência da sorte e por uma gestão de resultados imediatos. A curto prazo, teve algumas vitórias, mas a longo prazo, o seu legado serviu apenas para destruir o que restava de grandeza no clube. Em vez de construir um futuro sólido, deixou o Benfica num estado de fragilidade institucional, financeira e desportiva.


Por fim, chegamos a Rui Costa, um homem que deveria ter trazido a serenidade e a estabilidade que o clube tanto necessitava após a era de Luís Filipe Vieira. Mas, como se viu, Rui Costa não estava preparado para enfrentar os desafios de liderar um clube da dimensão do Benfica. A sua gestão, juntamente com as mesmas pessoas que estavam com Luís Filipe Vieira, foi uma tentativa de mascarar a incompetência e as falhas da gestão anterior. Rui Costa nunca teve a capacidade de implementar uma estratégia a longo prazo, e a sua tentativa de arranjar soluções rápidas e superficiais não tem funcionado. Além disso, os vícios do passado, os mesmos problemas estruturais e financeiros, continuaram a assombrar o Benfica, e Rui Costa mostrou-se impotente para lidar com esses desafios. O resultado? Um clube à deriva, sem rumo, sem liderança clara, e com uma imagem completamente desgastada.


Como é possível que o Benfica tenha sido capaz de ter dirigentes de alto calibre, e agora, depois de tanto tempo, sejamos capazes de aceitar a perpetuação da mediocridade? Como é possível que um clube com tanto potencial esteja a navegar à deriva, sem rumo e sem propósito?


Demoramos muito mais? Talvez. Mas a resposta a essa pergunta só depende de nós. O Benfica precisa de uma liderança forte, visionária e que coloque os interesses do clube acima de tudo. Precisamos de voltar a acreditar, de voltar a lutar pelo nosso clube como ele merece. Precisamos de devolver ao Benfica a grandiosidade que sempre teve, e que, por tantas razões, parece ter perdido ao longo dos anos.


Enquanto houver estrada para andar, continuaremos. Porque ser Benfica é mais do que ganhar. É lutar pela grandiosidade. É lutar pelo legado de Eusébio, de Fehér e de tantos outros que fizeram do Benfica o clube que todos amamos. E não podemos, não devemos aceitar menos do que isso.


Nem agora, nem nunca. Porque, enquanto houver quem acredite no que o Benfica pode ser, o nosso caminho continuará. Nem que seja nos distritais, no meio de nenhures, à chuva, vamos continuar. Por Eusébio. Por Fehér. Pelo Benfica.

2 comentários

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2 Comments


Ze
há 2 dias

Já não precisamos dos dragartos. Nós próprios afundamos o barco como os piratas do Asterix. Ainda agora disparamos sobre o Schmidt é já estamos a disparar ao Lage. O que interessa é que o barco arda para chegarmos ao poleiro.

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jc
há um dia
Replying to

mas oh grande idiota se foi o treinador ele próprio a fazer o buraco no barco e depois a culpa é dos outros que querem o poleiro.

não se qual é o pior se tu acreditares na idiotice que escreveste ou achares que os outros são tão idiota como tu para acreditarem no que tu escreves.

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