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Desporto e Ilusão




A “Teoria Impronunciável do Desporto” inclui a variável da ILUSÃO. Afirma que estamos perante o ‘Mesmo’ disfarçado de ‘Diferente’.


De facto, bastaria vestir «quem vence» (i.e., a ‘vitória’) com a camisola e os símbolos de quaisquer dos outros (denominados ilusoriamente por ‘rivais’) para demonstrar que tudo no Desporto é «ao mesmo tempo, vitória e derrota». Ou, como a actual Física diz: “As diferenças não passam de um estado excitado do mesmo”.


Nessa ‘Teoria Impronunciável do Desporto’ é perceptível de que se trata de uma Estrutura, de uma Constante, de uma Regularidade, e de um Padrão. Um mecanismo ‘a priori’, que obriga o comportamento humano a um «funcionamento opositivo, inverso, isomorficamente simétrico». A ilusão de há algo mais do que essa oscilação.


Essa Ilusão, que a “Teoria Impronunciável do Desporto” detecta, faz-nos recuar, na história da matemática, até aquela fatídica manhã de junho de 1902. Em que a comunidade matemática acordou alarmada, pois tinha sido descoberto que a 'teoria dos Conjuntos' era inconsistente. 


Concretamente, que, na demonstração de Bertrand Russel sobre os axiomas de Georg Cantor, mesmo depois de sistematizados por Frege, se podia demonstrar que ['0' era, na essência, igual a '1']. A ‘parte e o todo’, o ‘menos e o mais’, etc., não eram senão um único, e um mesmo ‘conjunto’. Isto é, uma simultaneidade em vez de uma diferença.


Então, para quê insistirmos nesta Ilusão das diferentes cores clubísticas, se tudo é o Mesmo? Ou, dito de outro modo: porque nascemos se morremos? A Ilusão da diferença (de que há vida ou morte, de que há vitória ou derrota, de que ‘1’ é diferente de ‘0’, etc.) impede-nos de discernir que ‘Tudo é o Mesmo’. 


Talvez um exemplo (uma espécie de axioma) dessa absurdidade e dessa ilusão seja útil. Através de uma história verídica.


Uma história verídica, da ilusão que é o Desporto. Aqui na minha Família, metade é do Benfica e a outra metade é do Sporting. Nestes últimos 20 anos era uma tristeza. A pugna era entre o Sport Lisboa e Benfica e o FC Porto, e a sala andava desmoralizada e triste. Agora, a pugna voltou a ser entre Benfica e Sporting. E a alegria voltou à Família. Voltou a haver aquela oscilação entre contrários e opostos de que é feita a Ilusão do Desporto. Nessa bulha, até voam pratos e se partem móveis.


Mas, se aceitássemos isso, o que seria das nossas Vidas, senão um vazio e uma absurdidade? 


O Desporto será essa ilusão? 


▶ Texto enviado pelo benfiquista Pedro Pereira.


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NOTA: A opinião aqui transmitida é da inteira responsabilidade do seu autor e não representa, necessariamente, a opinião do Benfica Independente.

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O meu Amigo heterónimo, Pedro Pereira, está muito filosófico. Eu prefiro outra história sobre o Desporto. Aqui ao nosso redor. Com os pés bem assentes no que é, e diferencia, o nosso BENFICA.

 

Fiz este Comentário, também no jornal ‘Record’, a propósito do recente artigo do seu director, Bernardo Ribeiro (sportinguista), em 13nov2024. Que falou de ‘memória curta’. E ontem se tinha insurgido contra os actos de violência cometidos sobre o actual treinador do fcPorto.

 

Porque, a vida de um Clube não está garantida pelas vitórias que alcançou no Passado. Um Clube, ou é um Projecto que sobrevive no tempo, ou então, é um morto antecipado. As contas fazem-se na escala maior do Tempo, nunca na efemeridade de…

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