Ontem foi a pior derrota dos últimos anos.
Tudo foi muito mau (excepto a exibição). Num misto de muita revolta e esperança que o presidente aparecesse, dormir foi tudo o que eu e acredito que muitos como eu não conseguimos fazê-lo esta noite.
Depois de vermos sócios a atirarem coisas ao treinador, depois de perdermos 4 pontos em 2 jornadas, depois do treinador explodir e dizer coisas muito (demasiado?) duras aos adeptos, depois de um jogador fazer gestos obscenos a adeptos (percebo que para o atleta não seja fácil ser enxovalhado, mas isto nunca pode ser feito!!) e com o clube num verdadeiro caos… o mínimo que se exigia era um Presidente dar a cara e passar alguma mensagem.
Se a mensagem devia ser mais emocional, mais racional, mais confiante ou mais radical… sinceramente nesta fase acredito que seria secundário.
Em momentos difíceis de qualquer organização o silêncio até pode ser ensurdecedor em todos os departamentos, mas o líder nunca se pode esconder.
Durante estes quase 2 anos de presidência de Rui Costa tenho defendido a aproximação do clube ao seu povo, tenho enaltecido o facto de ver o presidente a sofrer e vibrar com a vida desportiva do clube (seja nas modalidades ou no futebol) e com isso dar algum crédito a esta “nova” liderança, apesar de ser um delfim do Vieirismo.
Infelizmente Rui Costa continua a falhar golos de baliza aberta, penaltis e como dizia ontem o meu amigo João Nuno conseguiu marcar um golo na própria baliza.
Além de me sentir envergonhado, o meu outro pensamento durante a noite não dormida foi “como era fácil limpar tudo este ano” “temos tudo para ser o Bayern de Portugal” e infelizmente esse é o maior desafio no Sport Lisboa e Benfica.
Numa organização com a força que o Glorioso tem no nosso país ganhar repetidamente tem de ser simples. Ganhar um ano tem de ser fácil e o embalo para o ano seguinte tem de ser automático.
E o tal embalo é o que não se consegue fazer no nosso clube, excepto no voleibol. E porquê? Eu não sou o expert, mas há conclusões que me parecem óbvias:
- incompetência nos cargos de decisão;
- torrar dinheiro em vez de o saber investir;
- falta de visão e de projetos para cada uma das suas modalidades;
- definir se treinadores continuam ou não mediante ganharem campeonatos ou não;
- ficar na mão de treinadores quando há uma estrutura que deveria participar mais;
- o aburguesamento das pessoas porque se pensa que tudo vai ser fácil;
- a cultura de não exigência que cultivaram durante 20 anos no clube (no Vietnam ganhávamos muito menos, mas a exigência por incrível que pareça era maior);
- a preocupação ser manter todas as quintas de quem está lá dentro, ao invés de o pensamento ser “o que preciso de melhorar para sermos ainda mais fortes”.
O Sport Lisboa e Benfica tem tudo para ser sério, competente, vencedor, dominador… e a organização exemplo deste país onde só se houve falar de crise e corrupção, mas infelizmente nos últimos largos anos parece que gostamos de ser um espelho em vez de um exemplo como fomos durante décadas a fio.
No Domingo saí de Moreira de Cónegos furioso com a qualidade (ou falta dela) futebolística, mas hoje sinto-me humilhado por tudo o que assisti e pelo que não ouvi… do presidente.
Duas notas finais daquilo que para mim é o mais importante, o Benfiquismo:
- um Saudação Gloriosa especial para aqueles que ainda foram ao basket a seguir. E foram muitos. Foram Benfica!
- o bom de ser do Benfica é que hoje já temos muito Ecletismo para nos fazer esquecer durante umas horas da vergonha vivida ontem.
Todos temos o direito de reagir ao que se viveu à nossa maneira, o Presidente é o único que tem o dever de reagir de uma só forma: dando a cara.
Viva o Sport Lisboa e Benfica
Viva o Benfiquismo
P.S. Mesmo sendo um espelho do país, nesta temporada ainda podemos (e eu acredito que vai acontecer) ganhar muito no futebol e nas modalidades.
Amo-te, Benfica.
▶ Texto enviado pelo benfiquista Gustavo Costa.
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