Um grande amigo, que pouco percebe de futebol, mas muito da vida, perguntou-me: “Zé, já te envolveste em tanta coisa (defesa de Direitos Fundamentais, seja na política, seja no associativismo), porquê agora, num tempo destes, no apoio ao Vieira?”
“Num tempo destes, o Benfica teve estofo para não recorrer ao lay-off, despedir ou denunciar contratos a prazo. Queres mais?”
O meu bom amigo, também envolvido na defesa de Direitos dos Trabalhadores, disse-me: “como te compreendo...”
Mas, na verdade, menti-lhe (menti-te, Luis!): esse, sendo importante, não é o principal motivo.
O que me leva, então, a votar em Luís Filipe Vieira?
Sejamos claros: todos somos igualmente Benfiquistas, independentemente de quem apoiarmos. Isso não devia ter sido questionado, de parte a parte, numa das mais maniqueístas campanhas de que ha memória. Isso criará um trauma que será, espero, tratado com mestria por quem vencer as eleições- no Benfica, a democracia impõe a diversidade.
Por isso mesmo, não vou contar aqui o meu passado de sofrimento e de vitórias, de choro e de glórias, de desilusão e emoção. Disso, de uma forma ou de outra, todos temos para contar. E ainda bem: o pensamento totalmente estruturado, sem emoções, não faz bem a ninguém e o Benfica, enquanto catarse colectiva, conjunto de todos, é a Luz em movimento.
Daí ao salto que aqui me traz: voto Luís Filipe Vieira porque o futuro, os anos que ai vêm, após a tragédia que se abateu sobre a humanidade, com a pandemia que vivemos e nos destrói as estruturas sociais e familiares, precisa de quem nos trouxe aqui com força financeira para resistir - tal e qual como aconteceu no primeiro impacto.
Se o passado de Vieira à frente do Clube fala por si, com a construção de estruturas materiais e imateriais que permitem sonhar com o topo, o futuro do Clube não pode ficar órfão de quem teve o saber e a coragem de aqui chegar. Estou profundamente convencido disso. Muito mais, assumo, porque também estou convencido que este tempo trará a oportunidade de, com boa e equilibrada gestão, aproximarmo-nos de quem luta pelo topo da Europa.
Reparem, o trajecto de Luís Filipe Vieira não é isento de erros e alguns disparates. Ele sabe, eu sei, nós sabemos: planear e executar não dependem do mesmo acto de vontade. Por isso mesmo, ter criado uma equipa absolutamente profissional em todas as áreas, foi um trunfo que não pode ser esquecido - e, assuma-se, sempre que se desviou desse profissionalismo, esteve mais perto de falhar.
Mas, no momento de uma eleição, em democracia, o tempo é de renovação da legitimidade. Daí, o passado pouco valer, ou, melhor, servir como medida de projecção do futuro. É nesse futuro que, acreditem, eu creio.
Com efeito,
Cresci num mundo que já não é aquele onde vivo. Vivo, digo, num tempo que não acompanhou o mundo que queria. Tenho no Benfica, no nosso Benfica, a referência de estabilidade em movimento, em revolução permanente, em progresso, que falta em quase tudo. Na nossa casa, a Catedral, construí amizades que se alinham sob o desígnio do amor.
É, meus caros, por isso que entendo que não é hora de trocar o certo, o certíssimo, pelo duvidoso. Por mais apelativo que seja o segundo, o primeiro já mostrou muito, diria tudo: no momento certo, não virou as costas, ofereceu o corpo às balas e demonstrou que era possível querer mais.
Viva o Sport Lisboa e Benfica
PS - agradecer ao Benfica Independente, em especial ao Sérgio Engrácia, a oportunidade de publicar este texto é relevante. Mas muito mais que isso é saudar o trabalho que têm feito na divulgação das candidaturas, do apoio de cada um de nós e, sobretudo, do reforço da “cidadania Benfiquista.” O nosso Clube é democrático até às entranhas e projectos destes só reforçam o nosso ADN. Parabéns, rapazes!"
▶ Texto enviado pelo benfiquista José Pereira da Costa, sócio n.º 13520
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