Torcedores do Benfica festejam título nacional de 2013/2014 em Mindelo, Cabo Verde, África (Foto: Diogo Bento/Benfica em África/Facebook)
Imagine um clube criado para o povão numa época na qual as elites dominavam a mais nova sensação da sociedade, o futebol.
Imagine um clube que se popularizou – e popularizou o esporte – entre operários, mulheres, crianças, afrodescendentes e imigrantes.
Imagine um clube com essência democrática, que permite aos seus sócios a escolha do próximo presidente via eleições e a participação do destino da instituição em assembleias gerais. Democrático até mesmo quando a sua pátria estava longe de respirar a Democracia...
Imagine um clube que já teve um presidente operário e foi perseguido por uma ditadura de extrema direita, ao ponto de ser obrigado a alterar o seu apelido e o seu hino; de não ver o seu estádio receber partidas da seleção nacional; de ser acusado por um ditador fascista de "defender e disseminar o Comunismo"; de ser proibido de excursionar pela União Soviética; de ver suas eleições e o seu jornal serem vigiados pelo regime opressor... E que sobreviveu firme e forte a tudo isto!
Imagine um clube cujo estádio foi planejado, construído e erguido pelos próprios adeptos.
Imagine um clube que reúne craques de diversos continentes ano após ano. Lamentavelmente, as desigualdades regionais, consequência da elitização do futebol, dificultam a permanência deles. Ainda assim, é possível haver uma via de mão dupla, onde os atletas marcam o clube e o clube os marca. Esta agremiação, portanto, busca resistir bravamente à mercantilização do esporte.
Imagine um clube cujo maior ídolo é um garoto negro nascido em uma antiga colônia portuguesa na África, defensor de condições de trabalho mais dignas para os jogadores de futebol e militante a favor da independência da sua terra natal.
Imagine um clube que eternizou quem deu a vida enquanto defendia as suas cores.
Imagine um clube que parou todo o país enquanto se despedia do seu Rei.
Imagine um clube que voa alto como uma águia e ostenta em seu escudo o lema "De todos um", reunindo povos diversos em torno de um ideal, uma paixão, um estilo de vida, um motivo para seguir em frente, uma razão para viver.
Imagine um clube cuja casa é carinhosamente chamada de "Catedral", de tão imponente que é.
Imagine um clube que tem a maior torcida do seu país, é o maior vencedor do seu país, é a segunda agremiação campeã europeia em cinco modalidades diferentes... Enfim, impõe respeito por onde passa e conquista fãs ao redor do mundo, ganhando ou perdendo.
Toda esta descrição parece uma epopeia, um romance ou simplesmente uma obra de ficção... Mas este clube existe. É o Sport Lisboa e Benfica. Um sonho que se tornou realidade. A história mais linda de Portugal. Um fenômeno mundial. Daqui para a eternidade. Feliz 116 anos, Clube do Povo! E Pluribus Unum!
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