L/S Benfica 2007/08 Away
Não vivemos tempos fáceis no Benfica, julgo que isso é inegável. No final da 1ª volta estamos a 11 pontos do líder do campeonato, o Sporting, que não é campeão desde 2001/02.
A equipa foi arrasada pelo COVID, as exibições não convencem e os resultados muito menos. Crise de identidade. Crise de liderança. Já falámos muito disto, por aqui e noutros quadrantes.
Mas nestes tempos de cólera, venho-vos falar de uma história de amor.
E a deslocação a Moreira de Cónegos é para mim das mais belas.
A primeira vez que fui foi num jogo de taça da liga. A 30 de dezembro de 2012. A minha primeira deslocação de sempre. Viagem incrível, almoço fenomenal, entrada no estádio com o jogo a decorrer e o teste do balão a impedir a rentrada de quem nos veio entregar bilhetes cá fora. Tempos em que ainda havia cerveja com álcool na bancada. 1-1 no final, golo de penalty do Cardozo.
O regresso só aconteceu em 2017/18 mas já aí deu para perceber que não dava para falhar Moreira. Almoço farto na Pirâmide do Egipto. Em qualidade, quantidade e preço. Seguimos a pé para o estádio e saímos de lá com uma vitória por 2-0. À saída pensei para mim:"Na negociação de jogos fora a ir no início do campeonato, Moreira não pode faltar."
A época seguinte foi a confirmação: 0-4 numa tarde incrível com um por-do-sol espectacular visto de uma bancada em chamas que embalou o Benfica para a reconquista do título de campeão nacional. Mas antes tinha acontecido um dos almoços mais épicos de sempre, com apostas de amêndoa amarga à mistura, vinhão de oferta (que o dono de restaurante pensava que tinha sido gamado da sua garrafeira) e uma caminhada esforçada para o estádio com algumas pessoas a "andar em itálico". Essa foi a deslocação de estreia para várias pessoas do grupo que (também) levaram Moreira de Cónegos no coração. E que dizer do "carro movido a AVC" que à vinda para baixo aquando da paragem na Mealhada, parecia que estava a começar a viagem, tamanha era a quantidade de petiscos e doces ainda disponíveis para saciar os viajantes?
A 3ª deslocação consecutiva veio na última época. 2019/20 foi uma espiral de esterco mas ainda nos deu Moreira. E mais um belíssimo almoço no mesmo sítio da época anterior e uma vitória arrancada a ferros nos últimos momentos. Com mais uma explosão de alegria daquela bancada que nunca falha ao Benfica.
Hoje essa bancada estará vazia. Esperemos que não faça falta
Não fosse o bicho, apesar da cólera, hoje era dia de subir até Moreira de Cónegos.
Porque do Benfica nunca se desiste.
A título de curiosidade:
Esta foi a minha camisola nº 105 do Benfica;
Este modelo, das camadas jovens, foi alegadamente utilizada por Bernardo Silva. A versão de manga curta já foi alvo de um post, podem lê-lo aqui.
Esta camisola foi utilizada no maravilhoso 0-4 de 2018/19 em Moreira de Cónegos que nos empurrou para o 37 que vos falei em cima. Quis o sorteio que hoje a vestisse também no regresso a Moreira de Cónegos, desta vez em casa e com aquela bancada vazia. Em dia nos namorados, não haveria melhor escolha para esta belíssima história de amor.
Gabriel Garcia Marquez - "O Amor nos tempos de Cólera" (ISBN: 9789722000321)
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