Na semana passada foi escrita mais uma página dourada na história do Sport Lisboa e Benfica. A equipa de voleibol conseguiu a tão ambicionada qualificação para a Fase de Grupos da CEV Champions League.
É apenas a terceira vez na história que o voleibol do Benfica irá participar na maior competição de clubes na modalidade, sendo que a última das quais, já foi na longínqua época de 1991/1992. No formato actual, o Vitória SC foi o único clube português a marcar presença na Fase de Grupos da Champions, tendo na altura conseguido chegar aos oitavos-de-final da competição.
No entanto, o verdadeiro desafio irá iniciar agora. Agora, o Benfica estará na mais alta roda do voleibol europeu. Por isso, irei fazer aqui um balanço do desempenho da equipa de Marcel Matz nas pré-eliminatórias, bem como falar um pouco das equipas que irão defrontar o Benfica na Fase de Grupos.
Quando aqui fiz a antevisão da época da equipa de voleibol, mostrei-me bastante optimista quanto às possibilidades do Benfica vir a alcançar a fase de grupos, visto que tinha conseguido evitar o Vojvodina Novi Sad nas pré-eliminatórias. A equipa sérvia que nos derrotou na final da Taça Challenge em 2014/15 era de longe, a equipa mais forte a competir nas pré-eliminatórias, acabando por conseguir sem surpresa, a restante vaga na Fase de Grupos.
Já o Benfica, teve um percurso praticamente irrepreensível nas pré-eliminatórias, ganhando os seus jogos e perdendo apenas dois sets em toda a fase. Para tal desempenho, muito contribuíram a capacidade concretizadora de jogadores como Hugo Gaspar, Rapha, Japa, Wohlfi e Honoré, que marcaram respectivamente, 64, 63, 49, 47 e 45 pontos nas pré-eliminatórias. Mas Rapha, foi o jogador mais decisivo na marcação de pontos, visto que jogou em apenas quatro dos seis jogos disputados.
No serviço, que é um gesto técnico ao qual Marcel Matz dá muita importância, a equipa também teve um desempenho de realçar, com Wohlfi, Rapha e Japa a fazerem 7, 6 e 5 "áses" (pontos no serviço), respectivamente. No bloco, a equipa também teve um ótimo desempenho. Marc Honoré foi o segundo melhor bloqueador nas pré-eliminatórias com 14 pontos de bloco em seis jogos. Peter Wohlfi fez 10 pontos de bloco e Hugo Gaspar fez sete.
Mas o voleibol não é apenas um jogo de concretização. É um jogo com muita criação e elaboração de jogadas, no qual se exige um verdadeiro trabalho de equipa, no qual, uma má recepção ou um mau passe pode ser suficiente para estragar uma jogada. No capítilo da recepção, Ivo Casas e Japa tiveram um desempenho exemplar, enquanto na distribuição, Tiago Violas foi o jogador nas pré-eliminatórias com maior eficácia de passe, com 58,94% dos seus passes a resultarem em finalização por parte dos atacantes.
Os desempenhos da equipa encarnada mostraram que esta equipa está pronta para os desafios que se avizinham. Agora, segue-se uma pequena descrição das equipas que iremos ter pela frente na Fase de Grupos.
Sir Sicoma Perugia
Será a equipa que irá apadrinhar a estreia do Benfica na Champions. Este clube italiano conta no seu palmarés com um campeonato conquistado e é actualmente, uma das equipas mais poderosas da Europa, tendo sido vice-campeão europeu em 16/17 e ficado em terceiro lugar na competição em 17/18.
No seu plantel contam com aquele que é para muitos, o melhor jogador do mundo: o ponta Wilfredo León. Este jogador cubano naturalizado polaco é um autêntico "ás" em todos os aspectos do jogo, sendo exímio no serviço, recepção, remate e bloco.
Para além de León, a equipa de Perugia conta com um vasto leque de jogadores de craveira mundial, tendo vários internacionais italianos tais como os líberos Massimo Colaci e Alessandro Piccinelli, o ponta Fillippo Lanza e os centrais Roberto Russo e Fabio Ricci. Conta ainda com o distribuidor internacional argentino Luciano de Cecco e os internacionais sérvios Aleksandar Atanasijevic (oposto) e Marko Podrascanin (central). Ambos sagraram-se campeões europeus pela selecção sérvia neste ano. São treinados pelo belga Vital Heynen, treinador que se sagrou campeão mundial pela selecção polaca.
Tours VB
O clube onde já actuou o nosso jogador Nuno Pinheiro foi campeão europeu em 2005 e é o actual dominador do voleibol francês. Bicampeão francês e vencedor da Taça CEV em 16/17 conta no seu plantel com vários jogadores franceses, tais como o líbero internacional francês Nicolas Rossard e vários internacionais pelas camadas jovens.
Conta ainda com vários atletas estrangeiros de craveira internacional como os checos Adam Bartos (zona 4) e Matyas Démar (distribuidor), o camaronês Nathan Woune (zona 4), o norte-americano Price Jarman (central) e o ucraniano Dmytro Teryomenko (central).
Verva Warszawa
O clube vice-campeão polaco e actual segundo classificado da Plusliga é mais um clube a actual num campeonato de topo na modalidade, sendo orientado por Andrea Anastasi, ex-seleccionador belga. O clube da capital polaca ganhou uma Taça Challenge em 2012 e tal como o Benfica, vai estrear-se na prova.
Este clube conta com vários jogadores internacionais pela selecção polaca, tais como o central Piotr Nowakowski e o zona 4 Bartosz Kwolek. Nowakowski esteve presente na conquista dos campeonatos do mundo em 2014 e 2018, tendo no último dos quais sido integrado na equipa ideal da prova. Kwolek é considerado uma das maiores promessa da modalidade, sendo que para além de ter conquistado o Mundial no ano passado, também se sagrou campeão europeu de sub-20 em 2016 e campeão mundial de sub-21 no ano seguinte.
O plantel ainda dispõe de dois internacionais franceses: o distribuidor Antoine Brizard e o ponta Kévin Tillie; e conta ainda com o internacional belga Igor Grobelny (ponta) e o oposto internacional bielorrusso Artur Udrys.
A prova irá ter início amanha com a equipa de Marcel Matz a jogar no reduto do Perugia. A segunda e a terceira jornada irão ser disputadas no pavilhão da Luz, nos dias 10 e 17 de Dezembro. Posteriormente, a prova só retoma mais de um mês depois, no dia 29 de Janeiro.
Sendo realista, a hipotese de nos qualificarmos para a fase seguinte é muito remota. Esta participação servirá para ganhar tarimba competitiva, para aprender e viver a experiência ao máximo. E, acima de tudo, para fazer aquilo a que nos têm habituado: para darem o seu melhor e dignificarem o símbolo que carregam no peito.
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