"Nesta história, um Rei decide expulsar do seu Reino todos aqueles que são diferentes dele e construir um muro para os manter afastados. No entanto, este Rei rapidamente se apercebe de que, sem pessoas com diferentes talentos e conhecimentos, o seu Reino não poderá continuar a prosperar. Este livro, com texto e ilustrações simples e simbólicos, está repleto de significado e mensagens positivas sobre o valor da diversidade, aceitação das diferenças e integração."
Sempre gostei de livros infantis — ou de ilustração — porque são simples, diretos e até uma criança percebe a mensagem principal. Mais do que isso, são pedagógicos e acredito sinceramente que nos preparam para um mundo melhor. Contudo, aceito que, por vezes, sejam demasiado moralistas. E o excesso de moral tende a tornar-se um problema.
Um dos desafios com a crise de iliteracia atual é que há demasiada gente a confundir moral com mural e acabam a falar do que não sabem ou, pior, a tomar decisões contraproducentes. Por exemplo, não serve de nada fingir que se destrói o muro se a seguir passamos os dias a colocar arame farpado nas nossas relações.
Ao seguir prateleiras abaixo pela minha biblioteca, cruzo-me com o livro “Domingo Vamos À Luz”. Em 2010, os Letria, pai e filho, escreveram e ilustraram um livro singular sobre a importância de ir ao estádio em família. É uma história de pessoas, de amor e de futebol. Simples, como tudo deveria ser. Este é um dos meus livros de ilustração preferidos porque sempre acreditei que o Benfica não se faz de ódio, mas antes de amor. E esta é a lição a tirar para os tempos que se aproximam.
Este ano de 2025 tem de ser um ano de viragem. Vamos ter novos Estatutos do clube e isso representa uma vitória única dos sócios. De todos. E, alguns meses depois, vamos ter umas eleições fundamentais para o nosso futuro. Não é preciso ser vidente ou recorrer à IA para saber o que se aproxima, basta observar o passado e ter memória. Nos próximos tempos, vamos assistir a ataques pessoais, críticas violentas, acusações infundadas. Vai valer quase tudo para conseguir o objetivo. Resta saber se falamos de objetivos individuais e com agenda ou coletivos e destinados a um bem maior.
Isto é um apelo sincero para fazermos o Benfica em que acreditamos, aliás, para sermos o Benfica de 1904. Por isso, relembro que todas as candidaturas são válidas e necessárias, se vierem por bem e quiserem cortar com o passado — 11 razões ou penas de galinha não incluídas. Isto significa que temos a obrigação de ouvir-nos antes de julgarmos, de falarmos antes de discutirmos, de criar pontes antes de destruirmos amizades. A história — ou o Pimenta Machado — mostra-nos que o que hoje é verdade, amanhã é mentira, e não vale a pena gastar energia a atacar quem está do mesmo lado da barricada. Acreditem que vamos precisar de todas as munições para o último nível deste jogo.
Em jeito de último suspiro: este ano vai ser longo e só se levarmos a sério a expressão “De Muitos, Um” é que o futuro do Sport Lisboa e Benfica pode ser melhor e, sobretudo, será verdadeiramente nosso.
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