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Foto do escritorLuís Francisco Prates

O que esperar do Benfica no retorno da Liga?



Depois de quase três meses de paralisação por conta da pandemia do novo coronavírus, que infelizmente já contaminou mais de 6 milhões de pessoas, provocou aproximadamente 390 mil óbitos ao redor do mundo e vem se concretizando como a maior crise do século XXI, a Primeira Liga de Portugal está de volta. O retorno, contudo, esteve ameaçado, pois 11 jogadores testaram positivo para Covid-19 no início de maio: foram cinco casos no Famalicão, três no Vitória de Guimarães, um no Moreirense, um no Belenenses SAD e um no Benfica. O SLB revelou a identidade do atleta infectado: o meio-campista David Tavares, que continua afastado do elenco, conforme orientações médicas. Na ocasião, o Maior de Portugal pediu a autorização do jovem de 21 anos para a divulgação do exame.


Por avaliar que o país já havia passado pelo pico da pandemia - no momento, são 33.261 casos notificados, dos quais 20.079 estão clinicamente recuperados, 1.735 continuam ativos e 1.447 vieram a óbito -, a Direção Geral da Saúde - equivalente ao Ministério da Saúde no Brasil, onde a Covid-19 até agora infectou meio milhão de pessoas e matou mais de 30 mil, e ainda não se sabe quando o futebol volta - autorizou o reinício do maior certame do futebol português para a primeira semana de junho. Agora, 19 países, sendo 13 da Europa, quatro da Ásia, um da América e um da África, juntamente com um território semiautônomo da Europa e um território semiautônomo da Ásia, têm bola rolando em meio à pandemia.


Alento para os adeptos lusitanos, que estavam com abstinência de futebol e tinham saudades de ver o time do coração jogar, certo? Em partes... O acesso às partidas só está permitido para jogadores, comissões técnicas, dirigentes, equipe de arbitragem, profissionais de imprensa e funcionários dos estádios. E os jogadores não podem se abraçar nas comemorações. Futebol sem torcida e sem abraços nos gols é uma experiência estranha... Mas, como diz o ditado: "Hoje não é um dia qualquer... Hoje joga o Sport Lisboa e Benfica!".


E o que esperar do atual e maior campeão nacional nesta "nova fase" do Campeonato? O elenco ganhou uma motivação extra na terça-feira (2), com a derrota do FC Porto na visita ao Famalicão, é verdade. Se fizerem o dever de casa contra o Tondela nesta quarta-feira (3), as Águias ultrapassarão o arquirrival na classificação e dependerão das próprias forças na corrida rumo ao título. Por outro lado, sem a presença da maior torcida da Terrinha nas bancadas, sendo esse o maior desfalque, a missão torna-se ainda mais difícil. Os Auriverdes querem fugir das últimas posições e naturalmente adotarão uma postura defensiva, apostando nos contragolpes para surpreender os donos do Estádio da Luz.


Porém, algo mais preocupante que o eventual ferrolho tondelense e os portões fechados deixa os benfiquistas com a pulga atrás da orelha: o futebol praticado pela equipe pouco tempo antes da paralisação. Não havia nenhum resquício do estilo de jogo encantador da segunda metade da temporada passada, com toques rápidos, intensidade, ousadia e marcação em alta pressão, que rendeu o 37º título do Campeonato. Via-se um time afobado, com sistema defensivo vulnerável, dificuldades de transição e posse de bola improdutiva. A vantagem de sete pontos (!) na ponta da tabela foi inacreditavelmente desperdiçada em quatro (!!!!) rodadas, após as derrotas para Porto e Braga e os empates diante de Moreirense e Vitória de Setúbal - com pênaltis perdidos no meio desse desmantelo.




Até a mentalidade do técnico Bruno Lage, um dos grandes responsáveis pela incrível reviravolta e pelo grito de campeão na temporada passada, não era condizente com o Benfica que dava gosto de ver jogar em 2018-2019. Logo após o revés de 2 a 1 para o Shakhtar Donetsk, na Ucrânia, em fevereiro, pela primeira mão dos 16 avos de final da Europa League 2019-2020, o treinador teceu comentários que repercutiram muito mal entre os torcedores. "Independentemente de ser o quarto jogo sem ganhar, o mais importante é o contexto. A eliminatória está em aberto e vamos decidi-la em nosso estádio. Não era o resultado que esperávamos, mas está em aberto. Prefiro perder por 2 a 1 a perder por 1 a 0", afirmou, referindo-se à regra do gol qualificado. Ainda que o Shakhtar seja uma equipe muito forte em seus domínios, a mentalidade à Benfica não permite avaliar qual derrota é a "menos ruim" dentre as diversas possibilidades dentro dos 90 minutos. As vitórias, e somente as vitórias, devem ser almejadas. E reparem bem: o comandante minimizou a série negativa de quatro jogos sem vitória.


Mas o pior veio depois: Lage admitiu que recuou a equipe para segurar o resultado, de modo a provocar o menor prejuízo possível. "Depois do 2 a 1, voltamos a reagir bem e tentamos chegar ao empate. Nos últimos minutos, senti que era melhor segurar o resultado, pois estávamos permitindo transições ofensivas ao adversário. Entrou Samaris e fechou-se o resultado, que nos permite decidir a eliminatória no jogo seguinte", justificou.


No final das contas, o Benfica não conseguiu se classificar às oitavas. Mesmo decidindo em Lisboa o seu destino na competição continental, deixou escapar uma vantagem de 3 a 1, a qual lhe dava a vaga, e acabou cedendo o empate, resultado suficiente para as pretensões do escrete ucraniano. Longe de querer ser um engenheiro de obra pronta, mas... Era evidente que jogar para "perder de menos" em Kharkiv não havia sido uma boa estratégia - muito pelo contrário. Além disso, a presença na Liga Europa, vale recordar, deveu-se à eliminação precoce na Liga dos Campeões. O grupo, que também tinha RB Leipzig, Lyon e Zenit, era encardido, de fato... Contudo, as circunstâncias do jogo em Leipzig, quando os Encarnados abriram 2 a 0 e viram os três pontos escaparem, deixou a sensação de que a campanha poderia e deveria ter sido melhor - o único representante de Portugal na atual edição da Champions ficou a um ponto da vaga nas oitavas de final.


Pois bem, retornando à antevisão do jogo de hoje, quem serão os 11 que entrarão em campo logo mais? Segundo o jornal A Bola, a possível escalação será Vlachodimos (um dos melhores da temporada, vale frisar); André Almeida, Rúben Dias, Ferro, Grimaldo (os quatro vinham abaixo do que podiam apresentar, verdade seja dita); Gabriel (seu retorno é uma excelente notícia para a nação benfiquista), Weigl (olha, confesso que eu preferiria Samaris, mas, se for mesmo Weigl... Bora jogar, rapaz!), Pizzi (esteve muito abaixo nos últimos jogos... Eu apostaria em Franco, creio que ele Cervi - perdão pelo trocadilho), Rafa (indispensável à equipe, podendo alternar entre a ponta-esquerda e o meio); Taarabt (a grata surpresa de 2019-2020, verdade seja dita... Mas será que ele vai render dentro da área? Na minha avaliação, rende melhor jogando mais atrás. Poderia auxiliar Rafa em um momento no qual Pizzi não vem bem) e Vinícius (faz teu nome, homem-gol!).


Mais do que resultados positivos: queremos um time com sangue nos olhos e futebol bonito, características as quais nos permitiram a reconquista no ano passado.


Fotos: Arquivo/SL Benfica

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