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Os 7 trabalhos do Benfica

Numa época que se adivinha poder acabar pior que o pior dos nossos pesadelos, a nação Benfiquista dividiu-se entre apoiantes da actual solução directiva e oposicionistas, os sócios entrincheiraram-se em grupos de WhatsApp, redes sociais e comentários nos órgãos de comunicação social, a linguagem e comunicação da estrutura do futebol tornou-se difusa e ninguém, ninguém mesmo, parece capaz de prever qual o destino, a médio prazo, do Sport Lisboa e Benfica.


Oportunamente escrevi aqui umas linhas sobre o que pensava ser necessário: “A Paz Benfiquista”.


Falhei, com estrondo: no Benfica não parece haver quem queira paz.


Não me rendo, apesar disso, a essa realidade. Sei que o caminho que percorreremos até 2024, ano da sucessão do actual Presidente, será duro, sobretudo nas derrotas. Mas não é por isso que deixará de ser percorrido. Nem, perdoem-me, o facto de parecer haver uma oposição mais interessada em desfazer e uma Direcção direcionada para a “defesa” com o argumento “porque os sócios assim quiserem”, pode levar a que se pense e perspective o futuro.


É por isso que me proponho partir de um exercício que extravasa os limites da divisão que vivemos, identificando 7 “trabalhos” que necessitam ser preparados e executados no nosso Clube, a fim de ganharmos as décadas 30/40:


1. Centralização do capital social da SAD no Clube, revertendo a operação de venda, como forma de “resolver” a verdadeira e silenciosa crise accionista do universo empresarial “Benfica”, considerando impensável permitir que o valor actual da SAD se mantenha por muito mais tempo, o que espartilha o Clube, inibindo a celebração de protocolos e acordos de entrada de capital, eventualmente parassociais, com investidores institucionais - que, à partida e à chegada, respeitem o imperativo fundador da estrutura empresarial do Clube: maioria do capital social das participadas na titularidade do Sport Lisboa e Benfica.


2. Definição do modelo desportivo do Sport Lisboa e Benfica na relação investimento/receitas, que permita saber, ao milímetro, quais as balizas que respeitem o fair-play financeiro e não nos obriguem a viver num permanente iô-iô de gestão financeira;


3. Política de investimento na formação do futebol e desenho de um plano estratégico de aposta em jovens formados no Seixal, que vincule equipas técnicas, todas, ao desenvolvimento e aposta num modelo de jogo e de jogador “à Benfica”;


4. Política de investimento na formação das modalidades e imposição de um modelo desportivo de aposta em atletas formados no Clube, com número mínimo de atletas formados no Clube, nos seniores de todas as modalidades;


5. Redefinição da relação de poder entre “empresas” e Clube, colocando-as ao serviço dos interesses deste e, sobretudo, elaboração de um código de ética de gestão, fiscalizado por um Conselho de remunerações eleito em Assembleia-Geral eleitoral;


6. Definição do papel dos dirigentes do Clube, eleitos pelos sócios em eleições, nas estruturas societárias, vinculando-os a participarem nos conselhos de administração das empresas, dirigindo as áreas dos respectivos pelouros, trabalhando em exclusivo para o Clube e alteração estatuária que permita que os dirigentes executivos sejam remunerados;


7. Repensar toda a política de comunicação institucional do Clube, tornando os seus principais canais, como a BTV e Jornal, inclusivos, com participação das diversas sensibilidades, permitindo-se o acompanhamento eleitoral e de todos os actos de órgãos sociais do Clube, nomeadamente a cobertura integral das Assembleias-Gerais.


Estes “7 trabalhos” não são mais do que o esboço de uma proposta de trabalho que tenho, em conjunto com um já vasto grupo de sócios do Sport Lisboa e Benfica, debatido e colocado à prova. São, no fundo, um enunciado de trabalho, para o qual pedimos a vossa atenção. Não foram, sublinho, escolhidos ao acaso e são, insisto, já o resultado de um intenso debate que, espero, vá mais longe.

Meus caros,


O Benfica é um Clube que se quer vencedor e a disputar as fases avançadas das competições europeias - sobretudo na Liga dos Campeões. Num país pequeno como Portugal, com poder de compra reduzido, como alcançar esse objectivo? É para alcançar este desafio que procuramos soluções.


A sucessão do actual Presidente, em 2024 é mais do que um momento de definição do modelo de gestão que se seguirá; é, sobretudo, o momento ideal para, pegando no que de bom foi e será feito até esse momento, tendo atenção todos os erros estruturais encontrados, projectar um Clube moderno, arrojado, vencedor e capaz de vencer em todas as modalidades, dentro e fora do país. Não é com palavras que o conseguimos, nem é só com actos emocionais: é, como nos ensinou Damásio (o bom, António), conjugando a Razão com a Emoção, aliando o conhecimento dos campos de jogo aos ensinamentos do mercado e da economia.


Somos o Sport Lisboa e Benfica, Clube que na divisa impõe a união: E Pluribus Unum.


Se assim é, o unanimismo e a falta incapacidade de crítica e auto-crítica serão o que mais podem abalar essa união.


Partamos, pois, da discussão que se vive e construamos, na dialéctica, um Benfica mais vencedor. Sempre no respeito pelos princípios que nos tornaram o maior Clube do mundo!


Viva o Sport Lisboa e Benfica!


▶ Texto enviado pelo benfiquista José Pereira da Costa, sócio n.º 13520


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NOTA: A opinião aqui transmitida é da inteira responsabilidade do seu autor e não representa, necessariamente, a opinião do Benfica Independente.

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