S/S Benfica 1993/94 Home.
Impossível alguém não se lembrar desta camisola Hummel com gola estranha e patrocínio Casino Estoril.
Eram outros tempos.
Brincávamos livremente na rua, sem problemas ou sequer preocupações de segurança, de manhã à noite, com pequenos intervalos para comer. Se chegássemos a casa com os joelhos todos esmurrados, punha-se mercuriocromo e era sempre a andar. Se nos queixássemos muito, ficávamos sem poder jogar à bola!
Não havia telemóveis nem internet. E apenas os grandes jogos davam na TV (lembram-se da expressão: "Jogo com honras de transmissão televisiva"?). Os restantes eram acompanhados a ouvir o relato da Radio Renascença com Ribeiro Cristóvão ao leme, enquanto se estudava ou fazia trabalhos de grupo.
Mas houve algo que não mudou: este campeonato de 1993/94 foi particularmente difícil a conquistar.
Começou com o Verão Quente, onde Paulo Sousa e Pacheco rumaram ao rival da 2ª circular e por pouco JVP não seguia o mesmo caminho. Rui Costa ficou e Paulo Futre foi vendido para o Marselha.
O campeonato abre com 3 empates seguidos (3-3 a abrir na Antas com uma roubalheira épica, Estoril em casa e Beira-Mar fora). Ganhámos 5-1 em Famalicão e 4-1 em casa ao Salgueiros para na jornada a seguir irmos perder 5-2 a Setúbal. Ganhámos 2-0 ao Porto em casa com o Mozer a expulsar brilhantemente o Fernando Couto e espetámos 8 ao Famalicão com 2 auto-golos do Celestino.
Na Europa, depois da maravilha de Leverkusen, caímos nas meias finais da Taça das Taças com o Parma. 2-1 na Luz com um penalty falhado pelo Paneira e na 2ª mão o Mozer foi expulso antes da meia hora. Perdemos 1-0, golo de Sensini a um quarto de hora do fim, em mais um borreganço do Neno num canto. Foram quantos este ano? Mil?
Mas do que toda a gente se lembra é da camisola do imortal 3-6 em Alvalade.
A primeira nota 10 do jornal A Bola para JVP que faz um hat trick ao intervalo. Do erro táctico do Carlos Queiroz. Do festejo do Isaías.
Um jogo inesquecível para toda uma geração: todos nós sabemos onde estávamos nesse 14 Maio de 1994, todos temos histórias incríveis de como vimos e vibrámos com o jogo do ano. Quiçá o jogo de uma vida.
Eu estava no cinema. A ver a Lista de Schindler.
E com auricular a ouvir o relato.
E festejei forte um golo que coincidiu com um fuzilamento colectivo.
Cada um tem o que merece.
Esta época também não começou bem. Também tivémos que batalhar muito para chegar onde estamos. E esta semana voltamos a Alvalade onde já fomos muito felizes este ano.
E desculpem a barbárie, eu sou o primeiro a defender que não se misturam competições mas quero mesmo muito voltar a ser feliz em Alvalade.
Mas apenas para levar o Bakero e a Magda ao Jamor, atingindo assim o REN: the confucian virtue denoting the good feeling a virtuous human experiences when being altruistic.
A título de curiosidade:
Esta foi a minha camisola nº 50 do Benfica;
Decidi dar uma pequena fortuna por ela no site classic footbal shirts no dia em que o Benfica eliminou o FC Porto na 2ª mão da meia final da Taça de Portugal de 2013/14 - golo do André Gomes;
Depois disso, vesti-a no 3-0 ao Marítimo no ano do tetra e ficou inexplicavelmente no armário na época passada. Este ano, está reservada para o Benfica x Portimonense do início de Maio.
Schindler's List - https://www.imdb.com/title/tt0108052/?ref_=nv_sr_1
PS: Um atento leitor desta rubrica alertou para o facto da fotografia colocada não corresponder com a camisola do ano 1993/94. Ela diferia, entre outros pormenores, nas mangas e no logotipo da Hummel. Resultado? Mais uma camisola para a colecção e, sobretudo, a verdade reposta.
Obrigado.
Barraca independente, esta camisola é de 1992/93 eheheh. Obrigado Valter!