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Foto do escritorNuno Picado

É tempo de assobiar

Lembras-te daquele jogo contra o Estoril? Ainda nada está ganho.


Quantas vezes ouviram ou leram esta frase nos últimos dias? Dezenas, provavelmente. Aparentemente grande parte dos benfiquistas estão presos em 2013 e de lá não conseguem sair. Ou talvez não queiram, num acto de defesa inconsciente para evitar uma repetição do sofrimento daquela época. “Eu já sabia, é sempre a mesma coisa.”, dirão se a coisa correr mal.

Será mesmo?


Já passaram quase 6 anos desde aquela fatídica semana em que perdemos 3 finais de seguida e chegou a altura de encerrar definitivamente esse capítulo da nossa história. Olhando em retrospectiva penso até que aqueles momentos foram fundamentais para todo o sucesso que se seguiu. Não me interpretem mal, não queria que aquele descalabro acontecesse. Sei bem como sofri e como aquele drama abalou o meu benfiquismo, e por arrasto a minha vida. Senti-me traído, depois de tantos anos de travessia no deserto e de um clube à procura de si próprio, aquele era o nosso momento. Era o regresso do grande Benfica. Mas não, ainda não estávamos prontos. Agora olho para trás e vejo-o com clareza. Ainda existia a bazófia do “reservado”, do “quem vier morre“, do “ninguém pára o Benfica”. Felizmente isso morreu juntamente com o sonho de um final de época recheado de títulos nacionais e internacionais, mas o que ali nasceu foi um Benfica mais focado, unido e humilde.

Isto parecem resultados de um clube traumatizado? Então porque ainda desconfiamos? Porque relembramos constantemente um acontecimento traumático mas parecemos ignorar tudo o que foi conquistado posteriormente e as lições aprendidas?

Demorei anos a percebe-lo, mas o privilégio de falar com pessoas como o Sr. Shéu, um homem extremamente objectivo, tranquilo e humilde, deu-me uma nova perspectiva sobre o assunto. A verdade é que o clube aprendeu com os seus erros e ficou mais forte. Não acreditam? Lembram-se que em 2015/2016 chegámos a estar a 8 pontos da liderança e não só recuperámos essa diferença como fomos buscar o título a casa do rival após uma segunda volta do campeonato absolutamente extraordinária?

“Não acontece outra, tivemos sorte”, dirão os mais cépticos. Será?

Arrisco a dizer que a recuperação deste ano foi ainda mais épica porque foi alicerçada em jogadores jovens, sem experiência nestas andanças e com a agravante de termos jogado no terreno de praticamente todos os rivais directos. Quase ninguém acreditava que fosse possível, mas mais uma vez foi feito.


Em termos de títulos, tem sido indiscutivelmente o melhor período das últimas 3 décadas: desde 2012/2013 vencemos 4 campeonatos, 2 taças de Portugal, 3 supertaças e 3 taças da liga. Isto parecem resultados de um clube traumatizado? Então porque ainda desconfiamos? Porque relembramos constantemente um acontecimento traumático mas parecemos ignorar tudo o que foi conquistado posteriormente e as lições aprendidas? Acreditem, os jogadores, dirigentes e adeptos lembram-se de tudo o que se passou, não necessitam que os arrastem para aqueles momentos em todos os finais de campeonato! Pelo contrário, pede-se energia positiva nas bancadas para ajudar a equipa em possíveis momentos de nervosismo ou dificuldade, tal como aconteceu em Braga. Isto é que faz a diferença! Relembrar constantemente tempos negros que já estão, ou deveriam estar, mais que enterrados apenas gera um nervosismo e ansiedade perfeitamente dispensáveis.

Entende os momentos do jogo, percebe que o Benfica não pode estar 90min a atacar ou a dominar e que isso é normal.

Mas numa coisa estamos todos de acordo: a obra ainda não está completa. Faltam 3 jogos e 7 pontos para cumprir o grande objectivo e reclamarmos aquilo que é nosso por direito próprio.

Por isso chegou a hora de afastar os fantasmas e os pensamentos negativos, recordar tudo o que foi feito até ao momento e fazer a diferença em todos os momentos, dentro e fora do estádio. Gritos e cânticos de apoio não marcam golos, mas dão energia, ânimo, confiança e é esse o nosso desígnio como adeptos.


“OK, Nuno, isto já parece um texto do Gustavo Santos mas entendo onde queres chegar. Como posso ajudar?”, perguntas tu.

Apoia. Apoia como nunca apoiaste na tua vida. Se souberes os cânticos, canta. Se não for essa a tua onda, incentiva os nossos jogadores mesmo quando tiverem uma má acção. Entende os momentos do jogo, percebe que o Benfica não pode estar 90min a atacar ou a dominar e que isso é normal. Tem calma, confia na equipa e ajuda a criar um ambiente positivo. Dá o exemplo aos que estão à tua volta, puxa por eles. Assobia. Assobia como um demónio possuído sempre que um adversário tocar na bola ou o árbitro meter apito à boca. Enterra as más memórias e ajuda a ressuscitar o inferno da luz!


Neste momento isto é tudo o que podemos fazer para ajudar, o resto depende dos nossos rapazes. No fim cá estaremos para festejar ou lamber as feridas com a certeza que, independentemente do que acontecer, o Benfica e o benfiquismo continuarão intocáveis porque não são feitos (apenas) de golos, taças ou glória: na sua essência estão as pessoas, os benfiquistas, e enquanto a memória perdurar elas serão eternas, tal como a lenda do Benfica.


Viva o Benfica e vamos a eles. Sem medo!

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