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Foto do escritorNuno Picado

Uma derrota anunciada

Este é um texto difícil de escrever.

Por um lado estou triste com a exibição e resultado de ontem. Por outro, e olhando para a equipa que temos, acho que seria quase impossível fazer melhor. E isto não faz de mim um benfiquista menos exigente ou resignado, mas uma equipa como o Bayern consegue evidenciar todos os defeitos de um plantel. E ontem foi feio. Já lá vamos.

Demos uma imagem pobre num dos principais palcos europeus e mentiria se dissesse que não me sinto desiludido, mas acho que este é um bom momento para fazer uma introspecção sincera. Não podemos esquecer que esta é a mesma equipa que há pouco mais de 1 mês nos maravilhou com uma exibição de encher o olho frente ao Atlético de Madrid (que ontem foi vencer a Paris, já agora). Então o que mudou? Vou tentar explicar a minha visão da coisa sabendo à partida que é difícil agradar a todos e que muitos nem vão passar do ponto 1 porque... enfim, estamos em 2024 e pouca gente tem tempo para ler coisas desalinhadas com as suas ideias.


1 - A estratégia

Poupanças! Medo! Estas duas palavras apareceram muito associadas ao 11 e à exibição da equipa. Creio que é aqui que vou perder metade dos leitores, porque acho que a estratégia e tática foram bem pensadas. Na teoria, tudo o que Bruno Lage preparou para este jogo fez sentido. Reforçou o centro da defesa para libertar os alas para que pudessem fazer todo o corredor; reforçou o meio-campo com 3 médios em que um era mais defensivo e os outros dois tinham a responsabilidade de fazer circular a bola. Akturkoglu no apoio ao ponta-de-lança, Amdouni, que tinha como missão dar profundidade à equipa. Não vejo aqui nada de escandaloso nem descabido. Continuo convencido que a ideia era correta e, muito provavelmente, tomaria decisões semelhantes nas mesmas circunstâncias. Até a gestão do Di Maria fez sentido para o palco e adversário! Sendo assim, pouco tenho a apontar ao nosso treinador. Começo bem, não é? Continuemos.


2 - O contexto

O nosso e o deles.

No nosso tivemos a surpresa, que já não é surpresa nenhuma, da lesão do Bah que condicionou de forma evidente a nossa capacidade de sair a jogar. Não tanto pela ausência do dinamarquês, mas mais pelo seu substituto que, apesar de ter feito uma exibição qb, continua a não mostrar argumentos para jogar a este nível. Sem Bah e com Carreras amarrado do lado esquerdo, ficámos sem capacidade para sair pela alas e foi fácil para o Bayern controlar o jogo no nosso meio-campo.

No deles, é preciso não esquecer os resultados do gigante bávaro contra os principais clubes portugueses e como isso provavelmente pesou na abordagem a este jogo. O Sporting já lá levou 7, o Porto 6 e o Benfica 5 por três vezes. O melhor que conseguimos foi um empate a 2 em casa e duas derrotas por 1-0 na Alemanha. E isto pesa. É inevitável que este cenário esteja na cabeça de toda a gente quando se joga frente a este adversário em particular. É um encaixe péssimo para as equipas portuguesas e, pior ainda, não temos armas físicas para contrariar o poderio do adversário. E é aqui que me parece estar a chave deste insucesso.


3 - O jogo

O Bayern não conseguiu rematar à nossa baliza nos primeiros 30 minutos e isso significa que esta parte da estratégia foi bem pensada e executada. Linhas baixas, sectores compactos, jogadores solidários. Nesse sentido tudo correu bem e o 0-0 ao intervalo abria boas perspectivas para, finalmente, termos um resultado positivo em Munique. Mas se esta parte da estratégia correu bem, a outra correu muito mal. A ideia, óbvia, era baixar linhas e aproveitar contra-ataques para ferir o adversário. Tirar-lhe o espaço das nossas costas e aproveitar o adiantamento da defesa contrária para explorar ataques rápidos. O problema é que não temos jogadores capazes de jogar assim, o que é um problema crónico nos nossos plantéis, e fomos completamente engolidos nos 90 minutos acabando por perder 1-0 sem qualquer ponta de dignidade. Não fomos humilhados no resultado, mas a exibição foi francamente pobre. Nós, os adeptos, sabemos; os jogadores sabem; o treinador também. E o diretor de comunicação, que esteve ao lado de Bruno Lage na conferência de imprensa após o jogo a pedir que assumisse a responsabilidade, também sabe. Passámos uma má imagem como clube e isso deixa-me profundamente triste. Se preferia jogar aberto e ser goleado? Não. Mas isto não foi muito melhor. Senti-me como um adepto do Pevidém provavelmente se sentiu ao defrontar o Benfica e não sei como lidar com essa ideia.


4 - Um problema crónico

Então se Bruno Lage fez, na minha opinião, uma leitura correta do adversário e da estratégia, o que falhou? O mesmo de sempre. O Benfica não tem jogadores fisicamente capazes de batalhar contra um adversário destes. Não há velocidade, não há tamanho, não há agressividade. E isto tem muito a ver com o perfil de jogadores que continuamos a contratar para determinadas posições. Não me entendam mal, não acho que temos de ir a correr contratar gazelas com 2 metros para todas as posições, mas existem sectores onde a aceleração, potência, velocidade e capacidade técnica são fundamentais para dar à equipa armas para ultrapassar adversários que são muito fortes fisicamente. Dos jogadores que estiveram em campo com a nossa camisola, apenas um tem velocidade e potência, mas jogou sempre sozinho e foi completamente abafado pelos adversários, acabando por sair ao intervalo sem glória.

Então e que posições são essas onde é fundamental ter jogadores com argumentos físicos? Na minha opinião, que vale tanto como as outras, são estas: laterais, extremos e avançados. Olhando para os nossos laterais, só Bah tem velocidade, mas longe de fazer a diferença com esses argumentos. É só mais rápido que os outros colegas da mesma posição e sofre quando apanha um adversário mais rápido pelo seu flanco. Carreras é muito interessante a nível técnico, mas não tem aceleração. Nos extremos... talvez Tiago Gouveia tenha algumas destas características, mas para além de ausente é um pouco irregular. Ou seja, temos bons jogadores tecnicamente, mas são facilmente controlados quando têm de jogar mais isolados apostando no 1 Vs 1 e contra-ataque. Os nossos avançados são grandes, mas, não me levem a mal, não têm sido grande coisa. Ontem o Pavlidis foi completamente incapaz de segurar uma bola que fosse. Parecia um menino a jogar entre Palhinha, Upamecano, Min-Jae... e basicamente toda a restante linha defensiva alemã. Falta, ou pelo menos faltou neste jogo, agressividade! E assim fomos constantemente empurrados para a defesa enquanto ficámos na expectativa à espera de um milagre do futebol. Não aconteceu e perdemos.


5 - Qual é a solução?

De imediato? Nenhuma. Temos de jogar com o que temos e é algo que, provavelmente, não se resolverá tão depressa. Mas sinto que devemos começar a olhar para esta questão de outra forma porque o futebol de alto nível em 2024 não é amigo de equipas pouco agressivas e sem capacidade física. Assim seremos sempre comidos, seja em Portugal, onde os nossos adversários têm apostado mais neste perfil de jogadores com grande sucesso, como na Europa.

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2 comentários

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2 Comments


Guest
há 4 horas

a tactica também não a condeno, a estratégia foi errada, e se seria esta a estratégia o kokçu nunca deveria fazer parte dela porque não pressiona.


a estratégia foi a errada porque jogamos para o nulo, e foi a errada porque não percebemos que não temos jogadores para ela.


e tem sido um dos problema o andarmos sempre a contratar o mesmo perfil de jogadores para todas as posições anões fisicamente débeis, a que somamos os da formação, basta ver o golo que sofremos e também não acho que devemos ter uma equipa só de mastodontes africanos como uns alucinados advogam mas também não podem ser só anões como temos.

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Guest
há 5 horas

A solução é não permitir que Rui Costa & Direção (e Bruno Lage) continuem a prejudicar o Benfica depois de outubro de 2025.

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MCMIV

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